Crítica | 'Old Fashion Cupcake' entrega excelência e romance com diversos temas sociais importantes

Desde o sucesso de "Ossan's Love", o Japão tem se dedicado em especial a dramas BL com personagens mais velhos, muitas vezes de rotina de escritório. Mas parece que agora com "Old Fashion Cupcake" atingimos a maior excelência até então.

Nozue é um quase quarentão que vive preso numa rotina de trabalho em escritório. Sua vida sem cor e cansativa é constante até que um talentoso colega mais novo, Togawa, sugere a ele uma rotina anti envelhecimento: viver uma vida mais leve frequentando lojas de doces e aporveitando pequenos momentos de prazer.

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Fuji TV já é experiente com BLs live action e todos os anos nos tem brindado com uma ótima adaptação, mas arriscamos dizer que esta é seu melhor trabalho até então, talvez o melhor BL japonês feito recentemente. É refrescante ver adultos com dilemas de adultos e com atitudes compatíveis com a idade. Em busca de tornar mais leves, muitas vezes somos expostos a situações infantilizadas em séries, mas felizmente aqui tudo é bem dosado. O dilema de Nouze é algo bem frequente na cultura de trabalho japonesa: dedicar-se ao trabalho um ponto onde há despersonalização. Togawa aqui funciona como um raio de sol que veio iluminar e mudar essa vida. De forma leve mas não menos incisiva, esses dois homens irão discutir a masculinidade tóxica que os impede de viver a vida. Ao propor fazerem "coisas de garotas", eles não estão diminuindo as atividades ou as meninas, mas sim exaltando a pequena liberdade de atividades leves que podem ser mal vistas caso homens o fizessem.

A produção segue a produção clássica japonesa, o que encaixa bem com a trama: o misto do uso de tons escuros e fotografia terrosa mesclada com contra luzes intensas traduz bem a vida dos nossos personagens. Ainda, é perceptível a leveza do tratamento de imagem das cenas de lazer do casal em contraste com as de escritório. O ritmo também beira a perfeição: nem prolixa, nem corrida, temos um uso de tempo incrível. E apesar da intensidade de emoções, temos um tom geral leve e apaixonante que conquista todos. É impossível não se divertir junto aos protagonistas em seus encontros em cafeterias e se deliciar (ao menos visualmente) com as apetitosas sobremesas na tela.

A atuação dos protagonistas surpreende com consistência e profundidade. Em especial, a cena final do episódio quatro, um longo plano sequência sufocante onde Togawa assume seus sentimentos pelo Nozue, é um ápice de difícil construção e que foi perfeitamente executado, tocando em temas como medo de assumir e auto ódio tão comum para pessoas LGBTs. Temos ainda uma conclusão à altura da história, onde após refletir, Nozue se entrega a Togawa. Interessante ver a escolha da locação e luzes: um amor aconhegante, mas ainda às sombras e com medo de alguém os ver, que casa com a intesindade mas incerteza do futuro (e possível trama da sequência, Old Fashion Cupcake and Capuccino).

"Old Fashion Cupcake" é um perfeito exemplo de ótima adatapção: tempo, ritmo, tom, produções e atuações com excelência. Conciso e profundo, temos agora o referencial de romance de escritório.

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