Crítica | Com personagens cativantes, "My Ride" apresenta um bom romance mesmo com irregularidades.

O mercado tailandês costuma dar uma ênfase excessiva no ambiente universitário: é uma aposta segura para as produtoras. Mas felizmente aos poucos vemos outros moldes sendo aplicados. Inspirada num livro escrita por um homem gay, "My Ride" era uma promessa de algo novo, mas ainda que o texto fonte indicasse um caminho prolífico, algumas decisões de roteiro soaram antiquadas.

Mork é um sonhador e humilde motoxatista. Se mudou para a capital para ajudar sua então namoara, a quem tenta prover tudo. De coração partido após ser traído, ele começa a se aproximar do médico Tawan, um residente que aparenta já ter tudo na vida, incluindo o namorado dos sonhos.

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O grande trunfo de "My Ride" é sem dúvidas a dupla de protagonistas. Tawan e Mork são encarnados de forma ótima por Fame e Fluke. O misto de inocência e sonho dos personagens que gradualmente se aproximam é cativante. Apesar do conflito sobre gostar de homem existir (por parte do Mork), o maior conflito aqui é na diferença de classe social, algo refrescante no mundo BL. Este personagem talvez seja a alma da série e é impossível não se apaixonar pelo bondoso e prestativo mototaxista. Ainda somos brindados com um casal gay mais velho que serve de inspiração para os mais novos, algo raro e extremamente positivo. Outro destaque seria a relação de Mork e sua amiga Nadia, uma relação de apoio e amizade forte entre um rapaz gay e uma menina que não é tão recorrente no BL tailandês, ainda mais com ela tendo sua própria narrativa e não sendo delegada a uma shipper.

A produção é modesta mas não de forma negativa. Há uma variedade de cenários bem utilizados, mas questões de sonoplastia são recorrentes. Temos uma direção funcional, mas que parece a se ater a alguns cacoetes de BLs de cinco anos atrás, como o excesso púdico sobre contato. Apesar de irregular, é de se exaltar que alguns episódios são extremamente bem estruturados e até surpreendem com escolhas de montagem e fotografia (como os dois últimos).

Algumas escolhas narrativas acabaram tornando maçante alguns pontos e a série também sofre de um humor datado (e algumas vezes ofensivo) que mostra que ao texto original bastante progressivo foi moldado para TV por alguém com pensamentos mais atrasados. Até mesmo o amável casal de tios se tornam um pouco maçantes devido a por muitos episódios servirem apenas de alívio cômico com brigas. Por fim, o casal secundário gay parecia totalmente desconectado da trama central, poucas vezes interagindo com ela.

Com personagens apaixonantes, "My Ride" mescla uma narrativa bastante interessante e nova para o BL tailandês com fórmulas já classicas do mesmo, no melhor e no pior sentido.

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