Crítica | A segunda temporada de 'Love, Victor' apresenta possibilidades para um promissor futuro da série

 

De nova casa para sua segunda temporada, "Love, Victor" tinha um caminho livre para explorar seus personagens com menos amarras. Com um carismático elenco, os dez episódios foram disponibilizados no serviço americano Hulu no último dia 11 de junho.

Acompanhamos o que ocorre após Victor se assumir para seus pais e o retorno às aulas. Apesar de ter a confiança de se assumir perante a todos, ele se vê em frente a novos desafios: a aceitação muda de acordo com o grupo social você se depara.

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De início recebida com ressalvas, foi um grande acerto a mudança da série do Disney+ para o Hulu. Sem o inconsistente filtro de "family friendly" da Disney, a série pôde conversar abertamente sobre sexualidade e diferentes batalhas que um jovem gay passa. Claramente dividida em duas partes, a segunda temporada de "Love, Victor" aproveita sua primeira metade para apresentar mais dos casais recém formados e sedimentar alguns conflitos: como background cultural de cada um pode afetar a relação, como diferentes locais cobram uma diferente apresentação social da sexualidade e para todos os casais como a relação com os pais pode pesar.

Tanto o personagem quanto o ator estão mais à vontade e um rico conflito com a mãe nos é desenvolvido de forma bastante afetuosa. Humanizar os conflitos da minoria étnica, ainda que a mãe tenha sido falha em muitos momentos, acabou nos brindando com um retrato mais justo dos conflitos de casais inter-raciais que outras séries jovens com personagens LGBTS falharam (Sex Education e Elite). O excesso de liberalismo de Benji e sua família se mostrou também uma armadilha quando se tornam invasivos ao cobrar uma aceitação em pessoas de outras realidades. O elenco secundário em sua maior parte está forte. Um destaque especial para o Felix, que tem um grande arco com sua mãe e sua atrapalhada relação com a Lake cativa.

Na segunda parte da temporada vemos o roteiro abrir espaços para novas possibilidades pros personagens. A introdução de Rahim foi de grande ganho ao fazer um contraponto ao mundo gay dos amigos do Benji e abordar outras nuances, como o preconceito contra afeminados. O personagem bastante carismático se torna um novo lugar seguro para o Victor. O ganho de espaço que Pilar, irmã de Victor, teve na narrativa foi bem vindo. O destaque negativo fica para a forma como Mia, ex namorada de Victor, foi delegada a uma trama cansativa e desinteressante, algo que impressiona visto que ela fazia parte do núcleo central das narrativas da primeira temporada.

Voltada para um público adolescente que acredità em ships incondicionais, "Love, Victor" se pôs em uma enrascada ao decidir abrir caminho para dois triângulos amorosos. Mas talvez tenha de fazer um bom trabalho para sua audiência se convencer de qualquer um que não seja o primeiro casal apresentado, por mais que as novas possibilidades sejam tão ou mais legais.

Love, Victor é uma comédia romântica teen que fazia falta no mercado americano e os caminhos abertos em sua segunda temporada mostram que ainda há muito a explorar no mundo de Creekwood.

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