Crítica | 'Call It What You Want' escorrega em suas intenções, apesar de válidas denúncias à indústria BL


Alardeada como uma grande denúncia sobre o lado mais podre da indústria BL tailandesa, a mini série 'Call It What You Want' utilizou-se da experiência pessoal de seu criador para construir uma trama ficcional sobre a produção de uma série BL.

Seguimos a experiência do diretor indie James que é convidado por uma companhia a dirigir a nova série "2 Nights". Logo de cara vemos o diretor dividido entre os problemáticos bastidores da produção, a cobrança e tratamento ruim dado a atores e ainda uma paixão que nasce entre ele e o protagonista Ait.

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A produção é modesta e isso é visível, contudo não de forma que afete a experiência significativamente. Benz Panupun (que interpreta Ait) e Michael Kiettisak (intérprete de Bas) entregam personagens cativantes e a trama foi construída de forma que você se compadeça e o quanto antes queira saber o que aflige tanto Bas. Contudo, o roteiro parece se esforçar em excesso em convencer o público de que não tem nada de mais um diretor namorar um ator (ainda que saibamos que no mundo real há sim uma problemática envolvida) sendo este o relacionamento mais desinteressante da série. Algumas das denúncias se limitaram a frases curtas e conversas pela metade (como o produtor homofóbico, dietas extremas e cobrança das fãs), sendo que sempre será melhor mostrar do que falar quando se trata de um produto audiovisual. Outras problemáticas denunciadas não foram apresentadas de forma que impressionasse um público já consciente delas por acompanhar a indústria do Kpop ou Jpop.

Infelizmente seu lançamento sofreu um problema de timing (a série teve suas gravações concluídas muito tempo atrás) e a comparação inevitável com "Lovely Writer The Series" acabou lhe prejudicando. Esta conseguiu mesclar muito melhor as críticas com os romances e ao colocar a vítima da indústria no centro da narrativa, o grande defeito de 'Call It What You Want'. Caso tivéssemos a trama sob o ponto de vista de Bas e como contraponto aos assédios seu romance com o charmoso amigo do diretor, a experiência poderia ter sido muito mais satisfatória.

Pela sua importância, 'Call It What You Want' oferece uma mensagem boa para o público de BL mais novo e iludido com a indústria, mas escorrega no romance e sofreu ao ter sido lançada junto a outro BL que retratava os podres de forma mais convincente. 

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