Crítica | 'Fighting Mr 2nd' careceu de sentido narrativo, apesar de um bom trabalho dos atores

Segundas temporadas sempre são um problema nos BLs: como desenvolver um casal já estabelecido com uma trama que se sustente por vários episódios? Dentre muitas opções, "Fighting Mr 2nd" optou por se arriscar e inverter expectativas, mas será que compensou?

Cinco anos após se tornarem namorados, Shu Yi odeia Shi De com todas as suas forças por ter desaparecido e ainda o ter visto com uma mulher e uma criança nos Estados Unidos. Agora homens de negócios, Shu Yi quer se vingar de tudo que passou.

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A premissa de pegar clichês típicos do BL e elevá-los retrabalhando se manteve. "Fighitng Mr 2nd" optou por seguir o caminho do melodrama típico das novels BLs chinesas/taiwanesas mais antigas, o que por si não é algo ruim: sempre é bom se deleitar com tramas mirabolantes de vinganças dignas da Televisa. Contudo os primeiros episódios e o especial que precedeu a temporada passaram a impressão de que se tentou de mais criar diversos conflitos que justificassem tanto ódio, o que levaria os personagens ao extremo e cenas de maior tensão.

A primeira metade da série frustrou pois intencionalmente os personagens não se justificavam, mesmo quando haviam pausas de silêncio que permitiam o diálogo (essa uma clara falha de montagem). Quando finalmente a conversa ocorre, toda a trama se perde e ficamos vendo diversas cenas fofas que não agregam à narrativa até o fim da série. Isso evidencia o óbvio: sem as reviravoltas exageradas e a falta de diálogo, não havia roteiro algum a ser explorado.

A frustração do público aumenta quando pontos cruciais dos conflitos, como quem era a mulher que Shu Yi viu com Shi De foi delegada a uma cena cortada ou porque Shi De não fez uma ligação quando tudo ocorrera com sua mãe se quer foi explicado. Ainda a sequência temporal da resolução dos desentendimentos não parece acompanhar os sentimentos dos personagens: as conversas sobre os primeiros motivos de briga só irão ocorrer depois que o casal já superou subitamente todo o ódio e parece que aqueles que foram o motivo de tudo não importavam tanto assim.

Infelizmente as tramas secundárias sofrem muito com a falta de tempo, parecendo ainda mais não explicadas ou mostradas. A complexa trama de traumas de Pei Shou Yi e Zhen Xuan ficou tão picotada que não deu para compreender bem (apesar de que parte dela ainda será contada num especial) e o único casal que propõe um casamento foi um que se quer tivemos vislumbre toda a temporada. Ainda que todos tenham tido final feliz, foi difícil se conectar com tão pouca exposição.

Apesar disso, após as tramas mirabolantes serem deixadas para trás, os momentos do do casal principal são agradáveis. O grande trunfo é seu elenco: Sam Lin mantém sua habilidade e Yu consegue elevar seu trabalho e se equiparar ao seu colega. Caso o entrosamento dos atores não fosse tão convincente, a trama teria convencido ainda menos. Destaque pro alívio cômico do pai do Shu Yi, interpretado por Eriku Yoza. A produção também se manteve em bom nível, apesar de algumas escolhas questionáveis de direção e sonoplastia no episódio 2.

"Fighting Mr 2nd" ficou indecisa entre uma trama adulta melodramática e um romance leve e fofo. Essa fragmentação ficou evidente ao analisarmos o conjunto da obra, que infelizmente não se equiparou à predecessora.