Artigo | Como 2020 elevou as séries de BL pra outro patamar

Podemos dizer que 2020 foi o ano que o BL live action realmente tomou de conta de todo o leste e sudeste asiático. Ainda que a popularidade tenha chegado com "Sotus", "Addicted" e "Love By Chance", nunca antes as produções do mercado foram tão comentadas em veículos tradicionais de mídia.

O crescimento do mercado mantinha-se de forma contínua e estável nos últimos anos, liderados pela Tailândia (que por questões culturais tem uma maior tolerância ao conteúdo que seus vizinhos). O Japão vinha a cada ano investindo mais e mais em live actions após o sucesso do drama de comédia romântica "Ossan's Love" (que por acaso faria o país se voltar para séries com personagens mais velhos e que trabalham, ao contrário dos outros países) e essa abertura inspirou tímidos produtores coreanos a criarem web séries pro mercado internacional se aproveitando da hallyu e do crescimento do BL.

Mas uma pandemia iria confinar a população mundial em casa e uma série desacreditada até pela sua companhia de origem iria explodir de popularidade: "2gether". Apesar de divisiva (em especial em sua reta final), a trama leve de dois jovens se apaixonando se tornou um escapismo para a realidade cruel que o mundo enfrentava na época. Diversos artigos filipinos e japoneses mostram como essa série além de ter apresentado o mercado BL para um grande público, também serviu de inspiração para alguns países se aventurar nele.

image description Imagem promocional de Gaya Sa Pelikula


O sucesso absurdo da série nas Filipinas fez até a mídia questionar por que o país não produzia suas próprias histórias. Mas isso foi uma questão de tempo: confinados, diversos produtores audiovisuais viram nesse espaço aberto pela série tailandesa uma oportunidade de contar suas histórias. Inicialmente usando bem o formato de teleconferência como meio de produzir os conteúdos, um mercado se abriu no país, que apesar de limitações financeiras, tem crescido exponencialmente.

O Japão, conhecido por ser uma bolha intocada e difícil de exportar conteúdos live action, vinha trilhando um caminho interessante, mas desconectado dos demais países. Cada ano mais adaptações de mangás eram anunciadas, um novo selo de animes BL foi criado e começou a fazer parcerias com outros países (como com Taiwan para "Life: Love On The Line" e com a Coreia do Sul para o primeiro BL da hallyu: "Where Your Eyes Linger"). Algumas companhias anunciaram sequências e novas adaptações, mas de repente o país foi tomado por uma "invasão tailandesa". Com o ressurgimento de "Sotus" nas redes do país somado a explosão de "2gether", diversas séries tailandesas passaram a ser licenciadas no Japão, inclusive com transmissão na TV. Foram firmadas ainda parcerias de publicação dos livros que inspiraram algumas séries e outras virarão mangás!

Com os fãs de BLs de vários locais mais conectados devido a quarentena, o anúncio do live action de "Cherry Magic" chamou atenção e o primeiro episódio ter sido disponibilizado no Youtube fez com que a audiência no sudeste asiático explodisse. O sucesso foi tanto que seus protagonistas viram a demanda de seus photobooks explodir e foram na contra mão da habitual divulgação tímida que séries japonesas até então tinham. "Cherry Magic" agora é licenciada para diversos países do mundo, inclusive o Brasil!

Até o mercado que ninguém acreditava que fosse fazer BL um dia, a Coreia do Sul acabou entrando pro jogo. De forma tímida e focada no mercado internacional, uma produtora produziu as duas primeiras web séries vendidas como BL do país: "Where Your Eyes Linger" e "Mr. Heart". Com ex-participantes de survivals idol, as séries chamaram boa atenção no mercado internacional, apesar de terem tido pouca exposição domesticamente. Foi o suficiente para que apenas nos últimos dois meses do ano terem sido anunciados cinco séries a serem lançadas nessa virada de ano.

Apesar de ainda ser nicho, aos poucos algumas séries tem quebrado a bolha e tem se tornado um sucesso publicitário. Na Tailândia, a indústria em torno dos atores já é referenciada por economistas como mercado potencial e seguro e tem sido centro de discussões em especial de plataformas de streaming. Se 2020, com todas as dificuldades que passamos, foi tão grande para o mercado BL em diversos mercados, o que podemos esperar de 2021?

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