Baseado em experiências do autor, "Gaya Sa Pelikula" conta sobre o encontro do confiante estudante de cinema Vlad e o sonhador e reprimido Karl.
Funcionando como um prelúdio de um roteiro que o criador havia feito, a série conseguiu nos trazer um retrato carregado de emoções do conflito entre quem já se aceitou e sofreu na vida por isso, portanto não quer voltar atrás, e quem ainda tem medo de si e do mundo. De início somos apresentados uma bela comédia romântica que aos poucos aumenta a tensão de forma até um tanto poética, até o momento no qual os personagens finalmente ficam juntos.
As atuações foram satisfatórias no geral, mas Ian Pangilinan brilhou como Vlad. Conseguiu mostrar sem muito esforço a dualidade entre a casca criada pelo personagem durante o tempo e sua fragilidade interior. O cuidado com a trilha sonora foi o grande ápice da série. A forma como a escolha das músicas casavam com as cenas, potencializando e muito a narrativa, deixou impossível não se emocionar e se conectar com a trama.
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O uso fora do comum de personagens femininos também se destaca: Judit é criada para ser um incômodo, uma caricatura da pessoa que se demonstra apoiadora da sexualidade, mas é invasiva, inconveniente e em muitos momentos homofóbica. Do outro lado temos Ana: engraçada, carismática que não parecia ter passado ou importância, mas logo vemos que o seu passado conturbado que a une com os heróis da saga e que ela tem seus ensinamentos a compartilhar.
Apesar de todo o cuidado da produção, infelizmente as limitações impostas pelo COVID afetaram um pouco. Mesmo com bons recursos como chamadas de vídeo para personagens que não estavam presentes, foi notável que a única locação não era uma opção, mas uma necessidade. Em alguns momentos, a correção de cores também incomoda: há cenas onde tudo parece cinza sem uma justificativa real, em outras o contraste ficou tão baixo que cenas de dia pareciam se passar a noite.
O grande ponto forte de Gaya Sa Pelikula foi sua capacidade de transmitir importantes mensagens de forma a tocar o público, mostrando a habilidade refinada, muitas vezes poética, do roteirista. Contudo, alguns momentos se mostraram uma armadilha: o texto sobre auto aceitação em muitos momentos soa como uma pregação de igreja. O excesso de frases prontas de impacto em inglês podem gerar uma marca em uns, mas se tornaram piegas para outros.
Gaya Sa Pelikula concluiu sua saga de forma positiva, com um espaço aberto para um mundo melhor e mostra o potencial que as tramas filipinas abriu no mundo BL.
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