Crítica | 'Dew' explora os conflitos da sexualidade nos anos 90 na Tailândia


Dew (2019) é o mais recente longa do diretor Chookiat Sakveerakul, que chocara a Tailândia com seu longa de 2007, "Love of Siam", um dos primeiros filme mainstream a explorar uma relação homossexual nos cinemas tailandeses.

Baseado no filme coreano "Bungee Jumping of their Own" (2001), conta a história de Dew (Ohm Pawat), um sensível garoto afeminado que sofre bullying constantemente, e Pop (Nont Sadanont), um jovem aventureiro que se aproxima do delicado Dew. A amizade de ambos se transforma em algo a mais e traz consequência inimagináveis para a vida de ambos. Anos depois, Pop retorna à pacata cidade para se reconectar com o passado.

Dividido entre passado e presente, o filme apresenta um forte primeiro ato com uma narrativa envolvente e fácil do público se identificar. O grande destaque dessa parte fica para a atuação de Ohm Pawat, que com sutileza consegue transmitir toda as nuances do que um garoto levemente afeminado enfrentava na área rural tailandesa nos anos 90, em meio à crise do HIV.

Apesar da qualidade técnica se manter no segundo ato, há uma queda no ritmo do longa, se distanciando do drama adolescente do primeiro arco. A aproximação de Pop com seu passado se dá de forma um tanto apressada, o que acaba por tirar um pouco da forte carga emocional das cenas. Ainda, a opção narrativa de fazer de Pop um professor de ensino médio deu ao segundo arco um tom incômodo e pouco crível.

Felizmente o filme ganha um novo fôlego no último ato, com uma montagem extremamente eficaz e tocante. Apesar de irregular, 'Dew' é um bom retrato do que a juventude passou nos anos 90 no país e apresenta atuações afiadas em grande parte da trama.

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